01 abril 2011

a evolução dos homo sapiens, ou não.

Há fenómenos do caraças. Há coisas que se perdem no tempo, porque supostamente há evolução, outras não, talvez porque continuam a ser praticadas por pessoas cuja evolução humana deixa muito a desejar.

Aqui há muitos milhares de anos, ainda nem tinha por cá passado o cabeludo a quem chamaram Jesus, aquele que foi fruto de sexo casual, e depois “ah e tal estou grávida, mas foi um anjo que me disse...”, outras águas, lá chegaremos, antes dele cá andar viviam neandertais que puxavam as mulheres pelos cabelos e usavam ossinhos no cabelo, isto a acreditar no que os desenhos animados sempre me mostraram. Nesses tempos, não se devia falar, no máximo mandavam uns gruninhos num agudo fininho. Não havia cá higiene e conseguirem fazer fogo foi uma proeza. Andavam por aqui, por ali e caçavam. Vamos ao cerne da questão. Caçavam. Mas fazia sentido, tinha fome e caçavam para comer. Necessidade básica, era comer ou ser comido. Faziam umas lanças em pedra, osso e outros materiais, e lá esperavam tempos até conseguir alguma coisa. Até lhes tenho respeito, assumo.

Isso foi há muito muito tempo, tempos em que não havia electricidade, casas, carros, internet, telemóveis e i-pads. Nos dias que correm ainda existem uma cambada de tipos que andam para aí de armas em punho, já se deixaram de lanças e pedrinhas, agora é com caçadeiras e produtos afins. Armados até aos dentes, com cães que, coitadinhos, não viram outras vidas, e que só querem agradar o dono a cada coelho que trazem. Gente estúpida. Gente ainda menos evoluída do que os neandertais. Apesar de todos os gadgets.

Nos dias que correm ainda há gente que acha que caça é coisa boa. Que é uma necessidade. Conheço alguns, infelizmente. Há ainda os que afirmam que é um desporto. Antes fossem mexer as barrigas flácidas a correr atrás de uma bola. Mas não, preferem vestir aquelas roupinhas com print camuflado e rumarem a florestas, matas e afins onde matam tudo o que vêem. Ele é coisas grandes(não sei o quê), coelhos a passarinhos que coitados não alimentavam nem os meus gatos. Mas há que trazer muita coisa. Mostrar lá em casa como se caçou muito, e encher o peito a mostrar isso mesmo. Orgulhosos dos feitos.

Podiam vestir os camuflados e irem para o paintball, levar boladas de tinta no peito, que doem para caraças. Sei o que digo. Mas não, é mais giro irem para o campo, em grupo, com cães que, mais vezes do que se pensa, ficam por lá, porque não prestam para o serviço. E lá andam com aquele ar serrano do vinho tinto entre amigos também parvos e anormais, divertidinhos a mandar uns tiros.

Já tenho tido o azar de me cruzar, mais do que gostaria, com pessoas que gostam desta actividade. Daqueles que defendem e batem no peito afirmando pérolas como:

“Os caçadores são os mais amigos da natureza!”
“Caçar é natural.”
e outras, mas a minha predilecta é sem dúvida “É a lei da natureza.”

É aí que salta o pior que há em mim! Epá vem-me cá lamber as bolas! Não existem, é da raiva, claro está, mas lei da natureza?! Mas que lei é essa onde se leva com chumbinhos no corpo? Onde cães perseguem coelhos, para depois comerem ração seca feita de sei lá o quê. Que lei é essa que faz esta gente caçar, tão apoiados na moral, nos costumes e na tradição, e depois os faz irem aviar-se de comida ao hipermercado.

Acordam os homens às 5h da manhã, para irem para caçadas, em prol da família e da natureza, quando os filhos só querem comer bigmac's, pizzas gordurentas e chocapic como petisco. As mulheres já só comem peito de frango e folhinhas de alface, poucas, porque leram numa revista que não engorda. Nestas famílias ninguém passa fome, a comidinha vem, portanto, carregada em sacos de plástico do hiper mais próximo. De preferência na quantidade necessária, em embalagens de esferovite e plástico, que são bem mais práticas para guardar os bens alimentares no frigorífico e no congelador. Comer já lavadinho, sem pelos, penas e de preferência cortado como deve de ser. Mas ainda há quem pense que faz parte de se ser macho ir à caça. É coisa antiga, já fazia o seu pai. É coisa de homem. E faz parte. É gente estúpida minha gente. É gente muito estúpida.

Pergunto, havia necessidade? Mas sei, claramente, que não.

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