Sabia que vinha o dia em que me dirias um adeus destes. Mas quem ama não prepara. Fecha os olhos, dois, três dias, espera que o sentimento passe, mas egoísta, acha sempre que quem amamos nunca vai. Mas vai.
Tu um dia lá abriste os olhos e resolveste ir. Nem olhaste para trás. E eu fiquei, tal e qual um gato das botas, triste a ver-te partir. Resta-me apenas aceitar e deixar-te ir. Ficar quietinha uns minutos, quem sabe podes voltar atrás, e se voltares tens de me ver no mesmo sítio.
Lembro-me de sentir esta dor outras vezes. Mas cada vez que volta, volta com mais força. Traz com ela o passado e o presente. Faz-nos pensar porque raio têm de nos acontecer outra vez. Porquê a nós. Porquê outra vez eu. Diz que é normal. Eu diria que era normal se fosse uma minoria da nossa vida, se fossem sentimentos esporádicos, que são rompidos por mais amor e amizade. Mas não. Comigo não.
A minha tendência é isolar-me. Digam-me cá quem é que quer ouvir, "ah e tal ele não gosta de ti. Esquece-o." ou o famoso "ele não te merecia, mereces melhor.". É bonito, sim senhor, mas quem é que vê uma pessoa a sofrer da dor maior que existe que é a perda, e perder alguém que se ama é absolutamente devastador, e se saí com tal pérola? Ele não gosta de ti. Ahh, isso é capaz de me fazer sentir melhor? Não. Ou a do mereces melhor quando foi ele que se pôs a mexer? Também não funciona. A mim não me parece.
O tempo. O tempo diz que cura, e eu acredito. O tempo não faz esquecer, acalma o que sentimos e deixa-nos respirar melhor, ver as cores das coisas e permite-nos sonhar outra vez. O tempo permite-nos viver finalmente, novamente. O tempo são dias, semanas, meses ou anos. Depende da dor, do abandono e da pessoa. Mas o tempo passa tão devagar quando se sofre. Sempre que queremos que os minutos passem as horas andem, ele teima em ficar preso naquele dia.
Perder-te é sentir vazio. É não saber o que vêm aí. É ter medo do futuro e dor no presente. É sentir saudade pelo que passou. É sentir-me perdida. É sentir-me como que falhada mais uma vez. É saber que não mais vou sentir a tua boca e a tua pele. Nunca mais irei sentir o teu cheiro e o toque no teu corpo. É saber que a tua mão não me vai descobrir novamente. É ter saudades. É ter muitas saudades.
Perder-te faz-me pensar que a última vez devia ter sido inesquecível, que apesar do amor, tenho medo de já te perder as feições, o som da tua voz. O lugar das pintas. A cor dos olhos. Não mais me lembrar do cheiro. É perder-te por inteiro.
Perder-te é perder-me. É sentir que contigo era melhor. É saber que o meu sorriso contigo era verdadeiro. Que tudo em mim era genuíno. É ter certezas do que sinto. É saber que te amei.
Perdi-te e perdi.
Perdi-te e perdi.
Murcella diz: Havia um grande sábio que dizia: Nada se perde, tudo se transforma :) *s
ResponderEliminarO Lavoisier é que percebia disto :)
ResponderEliminarSei bem no que se transformam as perdas para mim... ele não disse que se transformavam para melhor. Nem tudo o que é lagarta vira borboleta. Basta pensarem na vossa comida preferida...
ResponderEliminara transformação não termina aí Rache (http://www.localizeaki.com/noticia/476/09/09/2010---economia:-as-fezes-humanas-ja-alimentam-boa-parte-do-mundo..html)
ResponderEliminar...aliás...a transformação não termina nunca. É tudo um ciclo. Por isso é dificil perceber onde começa e onde acaba. Escolhe tu. (Re)começa agora. ;)
ora bolas fui meter-me com a tipa da natureza e do ambiente. Não me safo.
ResponderEliminarQuanto ao que sinto, garanto, venha o Lavoisier dizer o contrário, mas o ciclo vai demorar muito a dar a volta. Ou tb não posso ir por ai? Hum? Afinal, a terra gira em cerca de 24 horas, mas em volta do sol já são cerca de 365 dias... tudo depende.