04 abril 2011

8

É sabido por quem me conhece que o natal é coisinha sem interesse para mim. Gosto de dar prendas e de receber. Sim, gosto. Gosto de ver a cara das pessoas com aquele ar "inapá, era mesmo isto, pá! Lembraste-te!", ao jeito "ah e tal és espectacular!".

Mas o jantar, o bacalhau, os doces, as músicas (4 instrumentais sempre em loop), acrescentando a seca que é ser a mais nova com o meu irmão que tem menos 3 anos que eu todos os natais. Eu não gosto do natal, dizia eu todos os anos. E ainda digo. Mas hoje sinto saudades do natal que tinha, do tal natal que eu nunca gostei. Porque tal como eu e o meu irmão somos os mais novos naquela mesa de 9, os antigos vão envelhecendo.

Hoje morreu o nosso pai natal de muitos, muitos anos. Pai natal que já não lia o "de" e o "para" de cada prenda, já tinha um pequeno ajudante de pai natal, o meu irmão, o mais novo apesar dos seus 22 anos. Pessoa de grande estima. A idade e as doenças não perdoam, e há muito que se sabia que mais dia menos dia íamos ficar sem ele.

É difícil, apesar de tudo era um natal pequeno de apenas 9, que agora passará a ser de 8. Pelo menos assim espero. Talvez este ano, pela primeira vez veja o natal de outra forma, talvez veja que aquela união familiar é cada vez mais frágil e quiçá aprecie pela primeira vez, em pleno, o meu natal.

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